Então vamos fazer um exercício:
Imagine que você está a 2 metros de distância de uma pessoa numa sala totalmente escura.
Você consegue vê-la? Consegue discernir se ela tem cabelos curtos ou longos? Se é um homem ou mulher? Se é negra ou branca? Claro que não! Está totalmente escuro, você não consegue ver nada.
Agora imagine que eu acendi uma lâmpada na sala. Agora você consegue enxergar a outra pessoa? Agora sim, a luz está iluminando esta pessoa e você consegue vê-la com clareza.
Por que este exercício imaginário?
Por que antes de entrarmos em detalhes de tipo de iluminação, é importante que você entenda como funcionam seus olhos por que uma câmera funciona exatamente da mesma maneira. E também tem que entender como as coisas são iluminadas.
Numa sala escura você não consegue enxergar outra pessoa por que ela não emite luz própria.
Na verdade poucos objetos que filmamos habitualmente emitem luz. Olhe as coisas ao seu redor: excluindo objetos com telas (notebook, celular, TV), o que emite luz? Sofá, mesa, paredes, portas, chão, cadeiras. Nenhum destes objetos emite luz. Mesmo assim você os está enxergando perfeitamente por que algum outro objeto está emitindo luz, que está rebatendo no objeto e atingindo seus olhos.
Pode ser a luz do sol entrando pela janela, pode ser a luz da lâmpada da sala. Pode ser que você esteja no escuro total mas que ainda assim a tela do seu notebook esteja iluminando tudo ao seu redor.
O que você precisa saber é: Você precisa de luz para enxergar! Uma câmera precisa de luz para enxergar!
Fóton = combustível para a câmera
OK, talvez a bateria da câmera faça o papel do combustível… mas o que é importante saber é que sua câmera precisa de luz para funcionar e que quanto mais luz melhor a performance da câmera.
Câmeras são objetos relativamente simples: Elas possuem uma lente recebendo a luz vindo de todo o lado e converge esta luz organizadamente para um sensor (lembre bem desta palavra).
O sensor transforma os fótons em sinal elétrico e este sinal é convertido em sinal digital, necessário para que o seu computador consiga ler e reproduzir as imagens.
O sensor pode ser comparado a conjunto de painéis de energia solar onde cada pixel do sensor é um painel independente.
A imagem é formada quando medimos a voltagem que cada painel está gerando de acordo com a luz incidente.
Seus olhos funcionam da mesma maneira. A luz vem de todo o lado atravessa a córnea e uma lente dentro do seu olho, esta lente converge a luz organizadamente para sua retina que transforma o sinal luminoso em sinal elétrico que viaja pelo nervo ótico até o seu cérebro que interpreta estes sinais elétricos como uma imagem.
Quanto mais luz melhor
Podemos dizer que o sensor da sua câmera é o que converte a luz em uma imagem. Para isso ele precisa de bastante luz. Por que? Por que todo sensor sofre de ruído, parte por interferência elétrica e térmica. Sabe quando você tenta filmar com seu celular no escuro e a imagem fica cheia de pontinhos e mal dá para enxergar a imagem de verdade? Isso é um caso típico de ruído.
Sim, todo sensor tem ruído. A cada dia vemos câmeras sendo lançadas com sensores que tem menos e menos ruído, mas ruído é uma característica intrínseca da captura de imagem.
Como funciona o ruído da câmera?
Para você entender por que eu estou falando de ruído, vamos imaginar uma nova cena, mas agora não vou usar luz para explicar. Imagine que eu e você estamos conversando numa sala, mas bem atrás de você tem um ar condicionado fazendo barulho.
O barulho do ar condicionado te incomoda por que eu estou falando baixo e você mal consegue me ouvir. Mas se eu falar bem alto, minha voz vai ficar bem mais alta do que o barulho do ar condicionado e você vai conseguir entender o que eu falo.
Pense no sensor da sua câmera como uma pessoa que carrega um ar condicionado amarrado na cabeça. O sensor sempre está ouvindo o barulho do ar condicionado!
Sempre vai haver ruído, mas se você tiver um som (ou luz) forte o suficiente, o ruído do ar condicionado quase desaparece.
Se o seu sensor for a um show de rock com o ar-condicionado amarrado na cabeça, o volume das caixas de som do show é tão alto que o som do ar-condicionado praticamente desaparece!
O show de rock seria o equivalente a filmar no sol. Temos tanta luz que o ruído do sensor é desprezível!
Sensibilidade vs Ruído
Agora que você já entendeu por que é tão importante termos bastante luz numa cena, quero explicar sobre a sensibilidade da sua câmera
A sensibilidade de uma câmera é normalmente medida em ISO (ISO 200, ISO 800, ISO 1600) ou ASA. Em câmeras de vídeo esta sensibilidade é dada em dB (decibéis) de ganho.
Câmeras diferentes tem sensibilidades diferentes e quantidades de ruído diferentes. Estas diferenças estão normalmente relacionadas com o tamanho dos pixels no sensor.
O sensor é um conjunto de milhões de pixels e quanto maiores estes pixels mais luz eles são capazes de captar e assim terão menos ruído. Uma câmera com sensor grande e menos resolução é uma câmera que “enxerga melhor no escuro”.
Um bom exemplo de câmera que “enxerga no escuro” é a Sony A7S. Ela é uma câmera com um sensor enorme mas com apenas 12 Megapixels (enquanto os concorrentes estão empurrando 40 ou mais megapixels). Isto faz com que esta câmera tenha uma imagem de qualidade respeitável mesmo com pouquíssima luz.
Imagem original de Vicente Pantoja usada com licença Creative Commons
Sensibilidade não é tudo
É importante lembrar que mesmo tendo uma câmera com ótima sensibilidade e com o mínimo de ruído, ainda é muito importante iluminar a sua cena com cuidado para controlar sombras e garantir que o que precisa estar iluminado estará iluminado com a qualidade necessária.
Temperatura de Cor e CRI
OK, então se tivermos bastante luz está OK certo?
Na verdade não. Ainda temos que saber qual a temperatura da cor da lâmpada (não é a temperatura de encostar e queimar o dedo, mas a tonalidade da luz que ela emite) e quais as frequências de luz que ela reproduz.
Temperatura em Kelvin
Quando olhamos uma folha de papel sulfite sob a luz do sol ou olhamos a mesma folha de sulfite dentro de casa sob luz incandescente ou luz fluorescente você diria que o papel muda de cor? Dificilmente, não é verdade? O papel continua nos parecendo branco.
O papel realmente não mudou de cor, mas as luzes iluminando o papel tem o que chamamos de temperaturas de cor diferentes.
Uma maneira simples de enxergar a diferença entre temperaturas de cor, é ligar a lâmpada dentro de casa e olhar para fora, a luz de dentro de casa parece mais amarelada e a luz de fora (do sol) parece mais azul.
Nosso cérebro ajusta automaticamente estas diferenças de maneira que quase não notamos diferença a não ser que a diferença seja muito gritante.
Para uma câmera a coisa muda, na câmera você deve dizer para a câmera qual a temperatura de cor da luz que ilumina sua cena.
Por exemplo, se vai filmar no sol, tem uma configuração de balanço de branco chamada “day light” ou “luz do dia”. Se vai filmar dentro de casa, tem uma configuração chamada “tungsten” ou “tungstênio”. Estas temperaturas de cor são tão comuns que já vêm pré-configuradas em praticamente qualquer câmera.
Estas configurações existem para compensar a diferença entre o tom de cada tipo de luz.
Se você lembra das aulas de ciência da escola, a luz branca é a soma de todas as cores do arco-íris certo? Mas algumas luzes emitem mais uma cor do que a outra e isto puxa os tons para tons mais quentes (avermelhados) ou mais frios (azulados)
As temperaturas de luz mais comuns são 3200K para lâmpadas incandescentes e 5600K para luz do sol e 6500 para um dia nublado. A letra “K” do lado do número são graus em Kelvin (não vamos entrar em detalhes no que isto significa).
Índice de reprodução cromática (ou CRI)
Ainda existe mais um problema com cores em relação às luzes. Quando olhamos um gráfico mostrando diferentes frequências de luz emitidas pelo sol ou por uma luz incandescente, temos uma linha regular.
Quando olhamos um gráfico de uma luz fluorescente ou LEDs, o gráfico não é regular. Ele tem picos onde existe uma alta concentração de energia. Por exemplo uma luz fluorescente pode ter picos perto dos verdes e azuis (veja ilustração).
Uma das razões para evitarmos usar LEDs é por que o CRI dos LEDs mais baratos é muito baixo, ou seja, a distribuição das frequências de luz é muito irregular. Isso pode causar desde imagens levemente estranhas a até imagens que não parecem nem um pouco naturais e que incomodam quem está assistindo.
Imagem da Wikipedia usada com Licença Creative Commons
Luz Dura e Luz Difusa
Agora estamos chegando mais perto do nosso Softbox!
Luzes de diferentes tamanhos geram sombras diferentes.
Lâmpadas pequenas ou distantes projetam sombras que chamamos de “duras”. São sombras muito bem contrastadas e sem nenhum degrade. Onde tem sombra é escuro, onde não tem sombra é claro, sem nenhuma transição de escuro para claro.
Lâmpadas grandes ou muito próximas projetam sombras difusas. São sombras com menos contraste. Mesmo que seja muito escuro onde está totalmente sombra, existe uma transição entre a parte de sombra e a parte iluminada gerando uma faixa de transição onde a sombra vai clareando aos poucos.
Para ter uma ideia clara, imagine um filme de terror onde o monstro (talvez o drácula) está sendo iluminado por baixo e as sombras são fortes e contrastantes. Isto é uma luz dura.
Agora imagine um comercial de xampu onde praticamente não há sombras no rosto ou no pescoço da modelo. Isto é uma luz difusa.
E este exemplo é uma ótima deixa para falarmos por que preferimos luz difusa para nossas produções!!!
É fácil notar a diferença olhando a sombra que o nariz da modelo da esquerda projeta e que não existe na modelo da direita.
Tipos de iluminadores
Painéis de LED
Embora estes painéissejam tão baratos, eles têm seus problemas. Em primeiro lugar a alimentação deles é feita por pilhas ou baterias, o que significa carregar um monte de Duracell na mochila ou ter baterias recarregáveis à mão. Existem transformadores para se ligar um painel de LED em uma tomada mas estes adaptadores podem ser tão caros quanto os próprios painéis.
A reprodução cromática de LEDs baratos é de ruim a péssima e dificilmente os LEDs virão calibrados para “luz do dia” ou “tungstênio”, normalmente é uma temperatura de cor entre as duas.
Minha experiência pessoal é ter comprado 5 painéis idênticos de LED de uma vez e 2 deles tinham a cor totalmente diferente dos outros (um puxava para verde e outro para magenta).
Eu não uso LEDs para iluminação da cena mas gosto de usar como backlight.
Marmita
São baratas, fortes e fáceis de se encontrar.
Por outro lado são extremamente quentes e não são muito seguras (lâmpadas halógenas têm tendência a explodir) além de consumirem muita energia elétrica (300W a 1000W dependendo da lâmpada).
RedHead
Softbox
A intenção do Softbox é criar uma fonte de luz grande, então obviamente um softbox toma bastante espaço quando montado (embora não tome espaço quando está guardado). Então leve isto em consideração antes de comprar um.
Fresnel, HMI, Fresnél de LED e outros iluminadores profissionais
A Cinematografia é uma arte antiga e existem dezenas de outros tipos de iluminadores que não vale a pena falar aqui. Seja por que são caros ou por que não se adequam à necessidade do infoprodutor ou de quem está criando vídeos online.
Por que escolhemos SoftBox?
Bom, se você leu o último parágrafo já deve saber por que, afinal para bom entendedor, meia palavra basta.
Luz Difusa é melhor!
Então, sim! A principal razão para usarmos o softbox é por que ele é uma fonte grande de luz e fontes grandes de luz geram sombras difusas que por sua vez suavizam detalhes ou defeitos dos nossos rostos.
Se sua intenção é fazer um filme ou documentário dramáticos, aí outras fontes de luz seriam mais apropriadas, mas para criar vídeos de venda, de cursos, de relacionamento, aí precisamos de luz difusa.
Praticidade
É verdade que é possível usar uma luz incandescente ou um LED rebatido numa sombrinha (aquelas que refletem a luz) para se obter uma luz difusa, mas aí começa outro problema.
Montar um Softbox é algo extremamente simples e rápido. Montar e direcionar uma sombrinha nem sempre é tão simples. Ao invés de trabalhar só com um tripé, um softbox e uma lâmpada que se encaixam perfeitamente, vai ter que usar adaptadores para conectar a lâmpada, a sombrinha e o tripé e isto toma um pouco mais de tempo.
CRI
Dependendo da lâmpada que você comprar para o seu Softbox, você terá uma luz com alto índice de reprodução cromática, o que significa uma imagem com tons mais naturais.
Esta é a principal razão para escolhermos um softbox com lâmpadas fluorescentes ao invés de LEDs. Embora LEDs sejam práticos em algumas situações, eles tem CRI muito baixo (a não ser os mais caros) e a imagem fica com uma cor esquisita.
Consumo de energia elétrica e temperatura da lâmpada
Uma das grandes vantagens de se usar lâmpadas fluorescentes é que elas são muito mais eficientes do que lâmpadas de tungstênio. Se você grava bastante, a diferença entre o consumo de uma luz fluorescente de 125W e uma de tungstênio de 500W pode pesar no bolso no fim do mês.
E se não pesa no bolso, tem também a questão da instalação elétrica dentro da sua casa. Nem todas as casas tem instalações capazes de suportar por exemplo 3 lâmpadas de tungstênio de 800W. Num bom cenário isso derrubaria os disjuntores, num mau cenário isso derreteria seus fios elétricos e causaria curtos e até incêndios. Não parece uma boa ideia né?
Além disso um dos apelidos da lâmpada fluorescente é “lâmpada fria” por que ela não esquenta como as lâmpadas incandescentes. Lâmpadas incandescente próprias para vídeo esquentam demais e num país como o Brasil realmente não valem a pena.
E os LEDs? Eles consomem ainda menos do que as lâmpadas fluorescentes e também não esquentam, não é verdade? Sim, isto é verdade, mas o problema é que a maioria dos LEDs baratos funcionam com pilhas ou baterias e não na tomada. Existem adaptadores de tomada mas eles custam praticamente o preço dos LEDs, então não valem tanto a pena.
Risco de explosão
Uma das características de lâmpadas incandescentes, principalmente as lâmpadas halógenas (encontradas por exemplo em iluminadores de 1000 Watts) é que estas lâmpadas podem explodir e isto não é incomum.
Eu já presenciei isto acontecer algumas vezes, seja por que a lâmpada tinha algum defeito, por que estava velha ou por que alguém colocou o dedo na lâmpada e depois a ligou (o dedo deixa gordura na lâmpada e a temperatura faz ela explodir).
Este é um risco que LEDs e lâmpadas fluorescentes não correm.
Como escolher seu SoftBox
Forma da caixa
Existem softboxes quadrados, retangulares, hexagonais e octagonais. Os dois últimos costumam ser mais caros e maiores.
Nossa escolha normalmente é pelos retangulares ou quadrados por serem mais práticos em espaços pequenos.
Tamanho da caixa
Softboxes vem de tudo o que é tamanho. Os que usamos no nosso estúdio tem difusor de 50x70cm e achamos que é um balanço legal entre tamanho (quanto maior melhor) vs. portabilidade e uso de espaço.
Tipo, quantidade e potência de lâmpada
Não se esqueça de que softboxes podem usar outros tipos de lâmpada além das lâmpadas fluorescentes, então é importante que você se certifique que está comprando com as lâmpadas certas.
Uma vez que você sabe que as lâmpadas são fluorescentes, é hora de saber se o softbox vem com 1 ou 4 lâmpadas (são as configurações mais comuns). A única diferença é que um softbox de 4 lâmpadas demora mais para montar ou desmontar.
Agora escolha a potência das lâmpadas que normalmente são 4 lâmpadas de 45W ou 1 lâmpada de 125W ou 150W.
Tipo de tomada e Voltagem
Se você estiver comprando online (principalmente de sites estrangeiros) fique de olho na voltagem e no tipo de tomada. Caso não encontre plugue brasileiro, compre o plugue europeu que funciona. E escolha a voltagem da rede elétrica da sua casa/estúdio entre 110V e 220V.
Onde comprar seu SoftBox
Este é um assunto delicado por dois motivos, em primeiro lugar nem eu nem o Rafael Perez moramos no Brasil. Nós compramos equipamento no Canadá e na Holanda onde é muito mais barato e acessível.
Em segundo lugar, não gostamos de indicar lojas sem termos feito negócio com elas antes.
Para resolver isso perguntamos para os nossos alunos do VideoXpress e VideoHero onde que eles compraram seus equipamentos e aqui vai a dica de cada um deles:
Lojas:
Lumitec – Loja em São Paulo (capital) que entrega por Sedex e Motoboy (dentro da grande São Paulo). Indicada pelo Renan Mansur que comprou e gostou da experiência de compra.
Atek – Também em São Paulo, com loja física. Leandro Milão indicou a loja e sugere uma visita.
Mako – Diego Zanchet indicou esta loja de onde costuma comprar equipamentos fotográficos.
Diafilme – Para quem está em Curitiba, esta é a indicação de Alexandre Oliveira.
Escambo Fotográfico – Indicada por Rafael Leite
Top Camera – Indicação para Cariocas de Gilvan Fagundes
Tecnodale – Indicação de vários alunos
Mercado Livre
Existem dezenas de vendedores vendendo no Mercado Livre e é impossível para nós descobrirmos quais valem a pena e quais não valem. Sempre fique atento por que o que parece bom demais para ser verdade normalmente é. Neste caso nós preferimos pagar um pouquinho a mais e comprar de uma loja física.
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